Em entrevista ao programa “Flagrante Direto” da RCB, Carlos Gil assume que, provavelmente, não seria o mesmo designer se estivesse numa grande cidade.
Natural de Nampula, cedo veio para o Fundão, de onde nunca quis sair. Nem no início da carreira, quando teve oportunidade de ir para Itália, nem depois de se tornar um estilista nacional e internacionalmente conhecido. Em entrevista à RCB, Carlos Gil explicou os motivos que o ligam à sua terra de adoção.
“É uma cidade que desde sempre me encantou. Em primeiro lugar gosto do clima, em segundo lugar gosto da paisagem, gosto muito das pessoas com quem lido, tenho uma paz de espírito muito grande aqui, provavelmente, eu não seria o mesmo designer se estivesse numa grande cidade.”
Carlos Gil começou por ser professor e recorda o passo que deu, quando decidiu deixar o ensino para se dedicar ao design abrindo o seu primeiro atelier, com loja, no Fundão, há 25 anos.
“Acho que foi um passo gigantesco que eu dei. Não digo que não tive medo, claro que tive medo. Todo eu tinha receios, até porque eu tinha um salário fixo e não sabia como iria ser o dia de amanhã. Foi um risco muito grande, há 25 anos atrás.”
25 anos de sucesso celebrados na última edição da Moda Lisboa onde apresentou a coleção que designou de “Alma” e que foi inspirada neste percurso.
“O padrão foi todo feito com várias flores que me foram dando ao longo destes 25 anos e eu, em foto, consegui sacar cada flor e fazer um padrão. Foi uma coleção muito bonita de se fazer, não só bonita, mas com um sentimento puro, com alma.”
Carlos Gil é um embaixador do Fundão, papel que aceitou com responsabilidade e que desempenha naturalmente, uma vez que são vários os atrativos do concelho, também na moda, onde é possível associar inovação com tradição.
“Nós temos imensas coisas para poder trabalhar, nós temos, por exemplo, as lérias, que é uma renda que eu gosto muito. Já dei o meu cunho pessoal às lérias e faço sempre parte do júri dos desfiles dos alunos da universidade.” O linho e a cestaria são outros exemplos deixados pelo designer e que podem ser trabalhados de forma a “dar um ar moderno, internacional e aproveitar o que é nosso”.
Carlos Gil, em entrevista à RCB, na semana em que assinalou 25 anos de carreira. Quanto a projetos de futuro, a moda masculina poderá ser um dos próximos passos.